quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O modelo de Pronto Atendimento e o Cuidado

Um dos principais programas de atendimento que vem crescendo cada vez mais no país é o modelo das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Isso não quer dizer que o pronto atendimento seja uma forma nova de atender a população, visto que muitas emergências já o faziam antes.

Diante de um cenário em que as emergências dos grandes hospitais estavam superlotadas e muitos dos seus pacientes ficavam em macas nos corredores e no chão de forma degradante, uma das escolhas foi a de redesenhar e possivelmente "pulverizar" os pontos de pronto atendimento aos que ficassem doentes.

Com uma estrutura mínima para o atendimento adequado, estas unidades exercem dois papéis importantes no atendimento da população: primeiro, elas dão atendimento e resolução a uma demanda espontânea de pacientes com queixas que exigem uso de muito conhecimento e pouca tecnologia; em segundo lugar, oferecem o primeiro atendimento e estabilizam pacientes graves que serão encaminhados aos centros de maior complexidade para que sejam cuidados com recursos não disponíveis nas UPAs. Ou seja, o papel da UPA de forma bem resumida é resolver ou estabilizar o paciente para que outra unidade resolva.

Acontece que o mesmo problema de superlotação enfrentado pelas emergências ocorre em algumas UPAs. Nesse caso, vale a pena discutirmos um dos principais motivos que fazem as UPAs ficarem lotadas e o atendimento precarizado: a baixa cobertura ou baixa resolutividade ou, até mesmo a não existência das Unidades Básicas de Saúde, Centros Médicos de Saúde e Postos de Saúde da Família.

Quando a saúde foi universalizada (tornou-se um direito de todos) uma parcela da população até então desassistida procurou atendimento e encontrou uma rede de atendimento eminentemente centrada no hospital. Naturalmente, toda pessoa doente buscou atendimento nos hospitais e a principal forma de entrar era a emergência. Além disso, o conceito de saúde ainda tem um significado fortemente associado à doença, de modo que, o cidadão apenas procurava atendimento ao adoecer. Com o aumento do número de postos de atendimento básico, esperava-se que estes pudessem reduzir a demanda oferecendo solução para a maioria dos problemas que aparecessem. Acontece que esse crescimento ocorre de forma lenta e gradual e muitas vezes falta força de trabalho para atuar nessas unidades. Consequentemente, há o aumento da demanda pelas emergências e UPAs.

Por fim, é adequado discutir os impactos no cuidado com o paciente e de que forma os gastos dessa forma de atendimento se mostra eficiente.

Um paciente ao entrar numa UPA vai ser classificado de acordo com o seu grau de risco e tempo de espera de atendimento que varia entre verde (pode aguardar atendimento, pois, no momento, não apresenta risco iminente de morte), amarelo e vermelho (atendimento imediato, dado seu risco elevado de morte).

A atenção e cuidado são baseados na queixa daquele paciente naquele momento e todo atendimento visando dar resolução. Não há a preocupação plena com outros potenciais riscos à saúde do paciente e representa um cuidado pontual, que não previne o reaparecimento do paciente na UPA pelo mesmo problema ou outros que venham a serem desencadeados.

Além disso, manter o funcionamento de uma UPA é extremamente oneroso, visto que existe uma tecnologia mínima incorporada (com Raio-X, Tomografia Computadorizada e medicamentos de alto custo), custos de manutenção, custos de mão de obra qualificada, etc.

Em muitos casos, o Estado repassou para a iniciativa privada a gestão da UPA, repassando também recursos econômicos altos para isso. O problema é que, com o orçamento mínimo para manter a saúde no País, o alto custo para manter uma UPA (muitas vezes pouco eficaz), pode significar a não ampliação do número das unidade de menor complexidade e maior impacto na prevenção de doenças que necessitarão de custos maiores. Portanto, gasta-se muito, porém, seu impacto é pequeno para a maioria da população.

Você já foi atendido em uma UPA? Entre no site do (im)Paciente e conte a todos como foi.



www.impaciente.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário