quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Atenção Básica: exemplo e caminho

Em 2008, após a divulgação de um relatório, a OMS colocou o Brasil em uma posição de destaque no cenário da saúde mundial. Nele, a entidade aponta as iniciativas brasileiras em atenção básica como um exemplo que, apesar das dificuldades enfrentadas, tem muito a acrescentar no que se refere a novas estratégias de atender à população.

O documento, intitulado Atenção Primária à Saúde, agora mais do que nunca, recomenda que os países adotem cuidados primários de saúde em suas políticas numa tentativa de combater a desigualdade e ineficiências dos problemas de saúde.Nesse sentido, a OMS destaca iniciativas como o Programa Saúde da Família e os observatórios de Recursos Humanos em Saúde como modelos a serem seguidos, já que demonstraram bons resultados para aprimorar o sistema público de saúde no Brasil.

Há, ainda, muita desigualdade no acesso e na oferta de serviços de saúde, sem falar nos custos que podem ser gerados. Esses problemas comprometem a estruturação de um bom sistema de saúde. A insistência em um modelo de especialistas que mais se importam com a doença do que com o paciente por um todo e suas relações com o meio em que vive dificulta a obtenção de melhores em saúde. Melhorar o acesso e a participação popular, principalmente, é o caminho a ser seguido para um melhor desempenho do sistema de saúde.

Nesse caminho, para implementar as reformas, a OMS faz quatro recomendações e destaca o sucesso das iniciativas adotadas no Brasil com relação à atenção primária. Destaca-se, primeiramente, que os países adotem o acesso universal à saúde e cita o Brasil como exemplo. Além disso, a comunidade deve ser o ponto de partida para a análise dos condicionantes de saúde.

Novamente, o documento cita o sucesso do programa brasileiro Saúde da Família, adotado em 1994 como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção básica. 

O documento ressalta ainda a necessidade de descentralizar as políticas de saúde e incorporar outros setores, como o de educação, por exemplo, como parte do sistema do país para garantir uma melhor cobertura das políticas de prevenção.Finalmente, a OMS recomenda que o sistema de saúde seja implementado com liderança e que envolva todos os setores da sociedade - o setor privado, as comunidades, a sociedade civil e o empresariado.Nesse sentido, o relatório destaca o trabalho dos observatórios em Recursos Humanos em Saúde no Brasil, que desenvolve pesquisas e sistematiza as informações sobre saúde para oferecer subsídios na formulação de políticas de saúde em todos os níveis.

Integrar e inovar, convidando todos a participarem devem ser os pontos norteadores para uma nova estratégia em saúde. Mais forte, mais próxima, com foco preventivo, reduzindo custos e gerando participação coletiva efetiva.

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Saúde do trabalhador: lesões por esforços repetitivos


No Brasil, as lesões por esforços repetitivos e distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho (LER/Dort) são uma epidemia. LER designa os distúrbios musculoesqueléticos ocupacionais de origem multifatorial complexa. Ocupam o primeiro lugar nas estatísticas de doenças profissionais nos países industrializados. Resulta de um desequilíbrio entre as exigências das tarefas realizadas no trabalho e as capacidades funcionais individuais para responder a essas exigências. Os desequilíbrios  são modulados pelas características da organização do trabalho, a qual constitui alvo das medidas de transformação das condições geradoras do adoecimento.

Os sinais e sintomas podem estar presentes em outros eventos clínicos e sem relação com o trabalho. Os sinais clínicos não são específicos. Em geral, a dor é associada de maneira mais ou menos pronunciada a um desconforto no curso da atividade profissional, com piora ao final da jornada e nos picos de produção e melhora nos períodos de repouso ou férias.

Os principais fatores de risco físicos e biomecânicos são conhecidos: força e esforços físicos realizados, repetitividade dos gestos e dos movimentos, posições extremas e vibrações originadas de máquinas É obrigatório notificar os casos como acidente de trabalho ao Ministério da Saúde. Recomenda-se intervir logo no início contra o avanço da lesão.

Primeiro, deve-se analisar as situações de trabalho e identificar os fatores de risco. Com os dados de saúde do trabalhador, faz-se um estudo ergonômico multidisciplinar, com a participação dos chefes de produção, membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), gestores de recursos humanos, responsáveis pela manutenção, médicos do trabalho, engenheiros e outros. Aspectos biomecânicos, cognitivos, sensoriais, afetivos e de organização do trabalho devem ser analisados de forma integrada.

Eles devem analisar o posto de trabalho (assento, mesa, luminosidade), as ferramentas (a qualidade da tela do computador, o comprimento do fio do mouse) e fatores agressores como exposição a vibrações, temperatura, ruídos, pressão mecânica localizada, tensão, cargas etc.

Há que checar também os processos de trabalho. Tanto atividades monótonas quanto as de muita exigência cognitiva, que causem tensão muscular e estresse, podem ser prejudiciais. E deve-se levar em conta ainda a percepção subjetiva do trabalhador. Ele está preocupado demais com seu futuro na empresa ou na carreira? O trabalho atual atende a suas expectativas? 

Eliminar as lesões não é, portanto, apenas modificar o mobiliário, mas também fazer ginástica laboral e fisioterapia. A fisioterapia alivia a dor, relaxa a musculatura tensionada e orienta a postura em atividades ocupacionais e de lazer. 

Para a fisioterapeuta Raquel Casarotto, professora do Departamento de Fisoterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo (USP), é fundamental agir também nas causas, com base nos limites físicos e psicossociais do trabalhador. 

Segundo o ortopedista Osvandré Lech, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, o tratamento deve sempre focar a principal queixa e/ou sintoma. Ele inclui reestruturar o ritmo de trabalho, melhorias ergonômicas, suporte emocional, condicionamento físico adequado e permanente. A constituição de uma equipe multiprofissional é crucial para abordar os casos. Ademais, espera-se dos serviços uma agenda de formação e estudo que perpassa diferentes conteúdos e disciplinas.


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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O médico ideal

A maioria das vezes em que nos deparamos com a necessidade de ter uma consulta médica e precisamos decidir qual médico escolher, recorremos a uma das três opções: abrimos o livro do plano de saúde e escolhemos o médico mais perto de casa; perguntamos a um conhecido se ele tem alguma boa referência; ou então, vamos à internet. Essa é uma situação frequente, principalmente entre os usuários de planos de saúde. Mas você realmente já parou para pensar em que médico você realmente gostaria que o atendesse?

Muitas pesquisas já foram feitas sobre esse assunto. Perguntando às pessoas, muitas respostas surgem, mas na maioria das vezes elas giram em torno de um médico que compreenda o sofrimento do paciente, que o acolha em seu consultório, seja educado, transmita sensação de segurança, seja respeitoso, saiba comunicar bem as informações. Percebe-se logo que quase nunca as pessoas referem à capacidade técnica do médico, quando pensam em seu médico ideal. Isso não quer dizer que alguém queira um médico que não saiba de medicina, não! As pessoas simplesmente já presumem que o médico tenha que ser um bom técnico, e simplesmente pulam essa descrição na hora de dizer o que esperam dele.

É comum ouvir aquela expressão "Dr. Fulano é um cavalo, mas é muito bom médico". Esse Dr. Fulano, ou melhor, Dr. Cavalo, também é figura no imaginário das pessoas, e aparece inclusive em seriados de televisão, às vezes como herói. Ele não é a primeira opção para a maioria, mas na falta de algo melhor, ele é o porto-seguro onde a pessoa se ancora. Não é uma relação saudável, no entanto. Um médico que não sabe comunicar de forma que o paciente aceite e entenda a informação, que atrase a consulta, que seja ríspido e até grosseiro, não é o desejo de ninguém. O Dr. Cavalo figura entre os principais alvos de processos contra médicos no Brasil e no mundo. A principal motivação de processos contra médicos não está relacionada a erros médicos, mas sim a falhas na relação médico-paciente.

O ideal é que todo médico agisse como foi descrito no segundo parágrafo. Quando a relação médico-paciente não é bem estabelecida, é comum o paciente buscar outro médico. Essa peregrinação de médico a médico em busca do doutor ideal pode levar muito tempo, e dependendo do problema que a pessoa tem, o tempo pode ser precioso, e desperdiçá-lo pode custar um preço muito alto. É por isso que muitas iniciativas para facilitar a escolha do médico existem, e uma delas é justamente o http://impaciente.org/. Nele você pode ver a opinião de pessoas que receberam atendimento médico, ajudando bastante na sua decisão. Acesse!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Doença de Alzheimer: um mal real

 
O avanço das condições crônicas de saúde é uma realidade no Brasil atual. O aumento da expectativa de vida, melhorias no acesso aos serviços e medicamentos são apenas alguns dos fatores que favorecem a convivência dos indivíduos com doenças crônicas.

Dentro deste grande espectro de doenças, as que lesam a capacidade mental das pessoas ainda causam bastante medo na população. Por muitas vezes, a falta de conhecimento e as inúmeras dúvidas impedem uma melhor convivência com essas doenças.

A Doença de Alzheimer avança no país. Causa preocupação e, muitas vezes, situações desconfortáveis para os familiares daqueles que possuem tal doença. Maiores informações são necessárias para esclarecimento e diminuição do preconceito. Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro. Áreas específicas, como as responsáveis pela memória, linguagem, cálculo, comportamento e demais funções cerebrais começam a parar o seu funcionamento e posteriormente a morrer. É um processo diferente do envelhecimento cerebral, pois ocorrem ações biológicas irregulares (com deposição de proteínas anormais).

Dados oficiais apontam que, no Brasil, estima-se que cerca de um milhão de pessoas sofram de Alzheimer. A doença acomete principalmente pessoas entre 60 e 90 anos, podendo aparecer antes e também depois desta faixa de idade, porém com menor frequência.

É uma doença lenta e progressiva, que compromete as funções cerebrais e piora o funcionamento do cérebro do indivíduo. Desde o início dos sintomas, como o esquecimento, até um comprometimento mais grave, com limitação de marcha e da capacidade de engolir, podem se passar de dez a 15 anos. A doença em si não leva à morte, mas sim a complicações decorrentes do comprometimento de diversas funções.

Muitos ainda não sabem, mas os primeiros sinais são a perda de memória e o comportamento alterado do indivíduo. Não é qualquer perda de memória que devemos ficar alertas, mas àquela que se repete e começa a comprometer o dia a dia da pessoa, interferindo no funcionamento das atividades pessoais. Estas perdas são cada vez mais progressivas e comprometem até memórias autobiográficas do paciente (como nome dos filhos e netos). As alterações comportamentais podem ocorrer desde o início e são muito frequentes no decorrer da doença. Indivíduos com Alzheimer podem ter características depressivas, de agitação e de agressividade, ou até mesmo delírios e alucinações.

Existem medicações atualmente que estabilizam a doença ou diminuem a velocidade de perda funcional em cerca de cinco anos ou mais, podendo oferecer mais tempo com qualidade de vida ao paciente e aos familiares. Apesar do Alzheimer não ter cura, estas medicações, desde que bem otimizadas, podem oferecer conforto e alívio. A alimentação bem balanceada, associada à prevenção de fatores de riscos vasculares (hipertensão, diabetes, obesidade) e à realização de atividade física adequada (aeróbica, no mínimo, três vezes por semana), é a melhor forma de se tentar prevenir a doença. Ainda não existem remédios milagrosos ou procedimentos definitivos, porém a medicina tem evoluído rapidamente na busca dos melhores recursos para tratar e prevenir o Alzheimer.


A busca por novas informações ainda é o melhor remédio para se lidar com essa e qualquer outra doença crônica. Assim, encarar e vencer essa situação torna-se menos penoso.



Mais informações: http://www.einstein.br/einstein-saude/doencas/Paginas/tudo-sobre-alzheimer.aspx



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sábado, 16 de fevereiro de 2013

A polêmica da internação compulsória de usuários de crack



Estima-se que cerca de 1,2 milhão de brasileiros usem crack. Em geral, o uso se inicia por volta dos 13 anos de idade entre jovens pobres das periferias, em sua maioria negros e com baixa escolaridade. Os dados são do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE 2010). A população de rua é a mais afetada, e aqueles que não moram na rua são levados a esta situação com frequência. Os dependentes de crack ficam, assim, vulneráveis a todo tipo de violência e situação de risco. O crack não traz apenas consequências no campo das doenças, mas coloca os dependentes em situação psicossocial degradante.

Drogas como o crack agem de maneira tão agressiva no corpo do usuário que não permitem que ele entenda a gravidade de sua situação e o quanto seu comportamento pode ser nocivo para ele mesmo e para os outros. Foi com base nessa ideia que o deputado federal Eduardo Da Fonte (PP-PE) apresentou em março deste ano uma proposta de política pública que prevê a internação compulsória temporária de dependentes químicos segundo indicação médica após o paciente passar por avaliação com profissionais da saúde.

A internação contra a vontade do paciente está prevista no Código Civil desde 2001, pela Lei da Reforma Psiquiátrica 10.216, mas a novidade agora é que o procedimento seja adotado não caso a caso, mas como uma política de saúde pública – o que vem causando polêmica. Aqueles que se colocam a favor do projeto argumentam que um em cada dois dependentes químicos apresenta algum transtorno mental, sendo o mais comum a depressão. A base são estudos americanos como o do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, na sigla em inglês), de 2005. Mas vários médicos, psicólogos e instituições como os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), contrários à solução, contestam esses dados.
O tema foi debatido pelo Conselho Nacional de Saúde e como instância máxima de controle social do Sistema Único de Saúde, SUS, se manifesta contrário à medida. Para o CNS, “Longe de expressar a criação de um novo serviço, a ação realizada em São Paulo cria, na prática, um tribunal de exceção que distorce e contraria a lógica dos serviços de saúde, acarretando sérios prejuízos no processo de implantação da rede de serviços territoriais qualificada para atenção aos usuários de álcool e outras drogas”. 


"A você que considera essa solução higienista e antidemocrática, comparável àquela dos manicômios medievais, pergunto: se sua filha estivesse maltrapilha e sem banho numa sarjeta da Cracolândia, você a deixaria lá em nome do respeito à cidadania, até que ela decidisse pedir ajuda?" questiona o médico Dr. Dráuzio Varella, defensor da internação compulsória.

Em outubro de 2012, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o governo federal irá prestar apoio financeiro à prefeitura do Rio de Janeiro para a ampliação da rede de atendimento a usuários de crack. O ministro, no entanto, não adiantou valores. Na ocasião, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pediu apoio para a criação de uma rede que vai possibilitar a internação compulsória de adultos viciados em drogas. 

O munícipio do Rio já realiza a internação compulsória de menores de idade. A internação compulsória de adultos viciados em crack no Rio de Janeiro deve começar em abril de 2013, segundo notícia publicada no jornal "O Dia", no dia 23 de janeiro deste ano. A ideia da prefeitura, de acordo com o jornal, é encaminhar os usuários para os hospitais municipais e depois para centros específicos. O projeto é uma parceria da Secretaria municipal de Desenvolvimento Social com Secretaria de Saúde e tem a coordenação da Prefeitura do Rio.

E você, caro leitor, o que pensa sobre a internação compulsória?

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Determinantes Sociais de Saúde e a fragilidade da vida

As diversas definições de determinantes sociais de saúde (DSS) expressam, com maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente bastante generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde. Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população.

Virchow, um dos mais destacados cientistas vinculados a essa teoria, entendia que a “ciência médica é intrínseca e essencialmente uma ciência social”, que as condições econômicas e sociais exercem um efeito importante sobre a saúde e a doença e que tais relações devem ser submetidas à pesquisa científica. Entendia também que o próprio termo “saúde pública” expressa seu caráter político e que sua prática implica necessariamente a intervenção na vida política e social para identificar e eliminar os fatores que prejudicam a saúde da população.

A fragilidade corporal e individual da vida humana, a doença e a morte constituem o próprio objeto da medicina. Ao final do último século, a epidemiologia social é resgatada do limbo, enfocando mais uma vez a fragilidade da vida como a um tempo corporal e social, buscando maior aproximação com as ciências sociais. Estas têm uma contribuição fundamental para o campo da saúde pública, analisando sistemas de cuidados médicos e o acesso aos mesmos, o impacto social da fragilidade corporal ou ainda o sentido atribuído pelos indivíduos à experiência da doença.

Para Madel Terezinha Luz, doutora em ciências políticas, o desafio da fragilidade da vida está nas preocupações das ciências humanas não apenas por conta da violência, do terrorismo, das epidemias, do surgimento de novas doenças, mas também pela perda de valores e sentidos na sociedade atual — criando no futuro, quem sabe, até um novo indicador de saúde. “O que chama atenção atualmente das ciências humanas é a fragilidade da vida humana, principalmente no espaço urbano”, diz.

O espaço rural também é atingido, mas minimamente, acredita ela, porque mal se pode dizer que exista uma sociedade rural — há apenas resquícios. No grande processo de urbanização, os valores ligados à solidariedade, a grupos solidários, à família desaparecem completamente. Nessa sociedade urbana, os valores são a competição, a busca de sucesso, o individualismo, o consumismo, de onde brotam a hostilidade, a violência. “E isso põe em questão a vida”, afirma. “Produz isolamento, ansiedade, estresse e gera doenças novas, ditas contemporâneas, como pânico, bulimia, anorexia, a loucura pela forma física — afastar-se dessas normas é colocar-se na anormalidade”.



De acordo com Madel, essa fragilidade se relaciona ao sofrimento psíquico e ao desamparo das pessoas, o que se verifica mais fortemente em alguns grupos. O avanço da discussão sobre esse tema vem com um conjunto de expectativas que tem ver não apenas com a busca pela valorização da vida, de valorização de sentidos, valores e significados para a vida, mas também da busca de um pensar solidário interdisciplinar, que saia do isolamento da produção científica dura, daquela acumulação de verdades experimentais que esquecem a atenção ao sofrimento, à perda de referências do ser humano — o que contribui para o que chamamos de fragilidade da vida.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Acesso aos dados sobre atendimento: um direito de todo cidadão

A partir de agora, o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) poderá acessar as informações sobre o atendimento que recebeu nas unidades públicas, por meio do Portal de Saúde do Cidadão. O novo portal foi lançado nesta terça-feira (5) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

No portal http://portaldocidadao.saude.gov.br, serão registradas informações sobre internações, atendimentos ambulatoriais de alta complexidade e cirurgias – dados de divulgação restrita aos pacientes, que poderão liberá-los a médicos por quem estejam sendo acompanhados.

O usuário também poderá acrescentar informações importantes relacionadas a sua saúde, como doenças crônicas ou alergias, ou anexar laudos de exames já realizados. “Ao acessar estas informações, qualquer equipe de saúde em qualquer lugar do Brasil poderá traçar o diagnóstico e ofertar o tratamento mais adequado ao histórico do paciente”, ressaltou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acrescentando que a ferramenta permite, ainda, que o cidadão possa se comunicar com o seu médico e inclusive receber orientações.
O usuário poderá consultar se já possui um número do Cartão SUS. Quem não tem pode fazer o pré-cadastro e depois validá-lo na unidade de saúde mais próxima. Quem já tem também precisará ir até uma unidade de saúde para receber a senha de acesso ao Portal e concluir o cadastro.

Além das informações individuais, ofertadas restrita e pessoalmente, o portal também possibilitará consulta a todos os estabelecimentos que atendem pelo SUS, como unidades básicas, clínicas e hospitais. Com o auxílio de mapas, o cidadão localizará a opção de atendimento mais próxima e identificará pontos para retirada de medicamentos pelo programa Aqui Tem Farmácia Popular.

TECNOLOGIA NAS UNIDADES BÁSICAS – Outra ferramenta que moderniza os serviços de saúde é o software público E-SUS Atenção Básica (E-SUS AB), capaz de organizar a gestão do funcionamento das unidades básicas e que será ofertado gratuitamente a todos os municípios.

A plataforma, desenvolvida a partir de convênio entre o Ministério da Saúde e a Universidade Federal de Santa Catarina, implanta o prontuário eletrônico, que reunirá, sem necessidade de papel, todo o histórico de atendimento daquele paciente. Além disso, oferece soluções para controle de estoques de medicamentos e insumos, agendamento de consultas e monitoramento do cumprimento da carga horária dos profissionais de cada unidade.
“O Ministério da Saúde desenvolveu um sistema para ajudar o prefeito a gerenciar melhor a Unidade Básica de Saúde, controlar o horário do médico, a agenda e manter as informações do prontuário do cidadão disponíveis aos profissionais de saúde. Assim, o médico vai saber quais doenças aquele paciente tem, quais tratamentos e exames já realizou e poderá prestar um atendimento de melhor qualidade”, informou Alexandre Padilha.

Segundo o ministro, a ferramenta irá proporcionar economia aos municípios. “Há municípios que chegaram a gastar até R$ 2 milhões para desenvolver um sistema próprio de informação. Agora, todos receberão de graça”, destacou.

As informações específicas sobre cada paciente que constarem na plataforma ficarão registradas nas unidades de cada município. Para ampliar a adesão a essas ferramentas e aperfeiçoar a capacidade de atendimento, o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério das Comunicações, irá custear conexão a internet banda larga para as quase 14 mil unidades básicas que aderiram ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ). O programa induz a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica.

“Vamos financiar a Internet Banda Larga, com velocidade adequada para todas as UBS que fazem parte do PMAQ e ainda para as novas que vierem a fazer parte do programa. Desta forma, vamos garantir que todos os dispositivos e ferramentas que integram o conjunto de ações do sistema nacional de saúde sejam acessados por todas as UBS que fazem parte do PMAQ”, afirmou o secretário de Gestão Estratégica e Participativa, Luiz Odorico Andrade.
A conectividade garante maior agilidade no uso do Cartão Nacional, do prontuário eletrônico e do Portal do Cidadão, aumentando, assim, o acesso e a integração do SUS.

Em fevereiro, será realizada audiência pública com as operadoras de telefonia para definir o cronograma de implantação desse serviço. Após a discussão com o setor privado, a expectativa é lançar em março o edital para selecionar as empresas que levarão a conexão às unidades. Todos os custos serão pagos pelo Ministério da Saúde.


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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Planejamento familiar e redução de danos

As complicações decorrentes do aborto são a quarta causa de morte materna, e estima-se que um milhão de gestações sejam interrompidas por ano no país. “O cálculo é feito segundo as internações decorrentes de aborto induzido. Para cada internação, supõe-se que outros três foram realizados sem resultar em complicação”, explica Maria do Carmo Leal, coordenadora do projeto Nascer no Brasil: Inquérito sobre parto e nascimento, realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).

Os resultados preliminares do estudo revelaram que apenas 45% das mulheres planejaram a gravidez. “A gravidez vem acontecendo por acidente, e o Ministério da Saúde precisa ficar alerta e trabalhar melhor a questão da contracepção”, afirma Maria do Carmo. Já foram entrevistadas 22 mil mulheres grávidas em todos os estados do país, desde 2010, com o objetivo principal de conhecer as complicações maternas e as dos recém-nascidos, de acordo com o tipo de parto no país.

Quando perguntadas se a gravidez era desejada, 56% disseram que não naquele momento. Depois do nascimento, 30% revelaram permanecer insatisfeitas. “O planejamento familiar é importante não apenas por questões econômicas, mas também psicológicas”, aponta a pesquisadora, “As mulheres mais pobres, as adolescentes e as menos instruídas admitiram com maior frequência que tentaram interromper a gestação. O sistema de saúde tem que discutir a questão do aborto”, defende Maria do Carmo.

O professor e pesquisador da Unicamp Anibal Faúndes ajudou a idealizar um projeto de redução de danos de aborto no Uruguai, onde a legislação também é restritiva. Para ele, manter o aborto ilegal e criminalizado impede que o número de abortos diminua. “A legislação que criminaliza o aborto só faz com que ele se realize de forma insegura e clandestina, com grande risco para a saúde das mulheres pobres”.

Dessa maneira, um grupo de médicos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais decidiu agir, dando informação respaldada pela OMS sobre métodos seguros para todas as mulheres com intenção de interromper a gravidez. “O que é proibido é executar o aborto. Não é proibido atuar dando assistência e informação antes e depois”, considera o médico. "Se a mulher permanece com o desejo de interromper, é informada com base em evidências científicas sobre os riscos dos diferentes métodos. Esse procedimento se baseia no direito humano à informação e no direito à confidencialidade e ao benefício do progresso científico”.

Esse tipo de programa de informação sobre aborto seguro se mostrou eficaz e, segundo ele, é uma boa alternativa enquanto não se muda a legislação. O programa se mantém até hoje. São oferecidas, ainda, alternativas como entregar o bebê para adoção. “A legislação proibitiva não é eficaz para prevenir o aborto e, ao mantê-lo na clandestinidade, não há oportunidade de evitar sua repetição”, observa o médico. “Quando o aborto é legal e realizado dentro do sistema de saúde, se dá aconselhamento em planejamento familiar e se inicia o uso de métodos seguros e eficazes”, ressalta.

Isso explicaria que as taxas de aborto tenham diminuído após a aprovação de legislação mais liberal em países como França e Itália. “Quem trabalha praticando o aborto de forma clandestina e com interesse comercial não tem interesse em prevenir os próximos”, opina, informando que a primeira opção de método é o uso de medicamento abortivo, que no Uruguai é vendido em farmácias, para outras indicações médicas. As mulheres recebem informações sobre a dosagem eficaz e a via de administração.

Mário Monteiro, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), também defende que a descriminalização do aborto ajudaria a diminuir a mortalidade materna e preservar a fertilidade das mulheres. Para ele, a maneira mais segura de executar o procedimento é em ambiente hospitalar, onde o risco de complicações é controlado. “A introdução de objetos no útero, a ingestão de substâncias cáusticas e outras tentativas domésticas de abortamento levam muitas vezes à expulsão incompleta do embrião ou da placenta, que causam infecção e podem provocar infertilidade e levar à morte”, reforça. “É preciso reduzir os riscos enquanto não temos um sistema de saúde que possa oferecer condições seguras para as mulheres em situação mais vulnerável”.

Deixamos claro que a equipe do (im)Paciente não defende uma ou outra postura. Nos restringimos apenas a realizar matérias informativas.


O blog do (im)Paciente tem a finalidade de divulgar notícias de saúde para que você tenha mais informação e possa se cuidar melhor. Você também pode fazer isso! Entre no site e comente seu atendimento médico: www.impaciente.org

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Medicina Ayurvédica

Continuando a série sobre racionalidades médicas, vamos da China para a Índia, conhecer um pouco da medicina Ayurvédica. Esta é outra medicina antiquíssima, muito popular na Índia e no Sri Lanka, havendo mais de 100 escolas de medicina ayurvédica na Índia, que ensinam a pensar, diagnosticar e tratar através desse sistema tão particular.

A medicina ayurvédica, ou simplesmente ayurveda, é uma das grandes ciências (vedas) da cultura indiana. Seu nome vem da junção das palavras ayur, "vida", e veda, "ciência". Portanto, pretende cuidar das pessoas muito antes de cuidar das doenças, por entender que, antes de que a doença se manifeste, o desequilíbrio do corpo já está acontecendo, e precisa ser controlado para que haja saúde. Ela se baseia em três tratados, o Susruta Samhita, o Charaka Samhita e o Astanga Hrdayam, sendo este terceiro baseado nos dois primeiros. Sustruta Samhita é o primeiro tratado de cirurgia de que se tem conhecimento, escrito no século VI a.C. Charaka Samhita é um dos primeiros tratados de clínica médica que se tem conhecimento. Por fim, o Astanga Hrdayam, ao compilar os dois primeiros tratados, e ampliá-los, divide a medicina ayurvédica em oito ramos:
  • Kāya-chikitsā: clínica médica;
  • Kaumāra-bhitya: medicina da mulher e materno-infantil;
  • Śhalya-chikitsā: cirurgia;
  • Śālākya-tantra: medicina do pescoço e da cabeça;
  • Bhūta-vidyā: doenças sobrenaturais e psiquiatria;
  • Agada-tantra: toxicologia;
  • Rasayana-tantra: medicina do rejuvenescimento;
  • Vājīkarana tantra: medicina da fertilidade.

A ayurveda vê o funcionamento do corpo humano como o equilíbrio de três humores (doshas) básicos: vata, pitta e kapha. Esses humores são constituídos por dois dos cinco elementos da cultura indiana: vata é feito de ar e espaço; pitta é feito de fogo e água; kapha é feito de terra e água. Quando nascemos, temos esses três humores equilibrados igualmente em nosso organismo. A vida desregrada, os vícios e influências do meio externo desequilibram esses humores ao longo da vida. Uma pessoa pode ser composta de um, dois ou três desses humores, num total de sete constituições. Elas são importantes para determinar quais são as tendências de adoecimento da pessoa. Por exemplo, kapha está mais suscetível a obesidade, colesterol alto e alergias, enquanto que vata está mais sujeito a ansiedade, constipação e insônia.

Os médicos ayurvédicos diagnosticam as doenças através da inspeção e palpação do corpo, e da conversa com a pessoa, procurando saber sobre hábitos de alimentação, evacuação, sono etc. Eles tratam as pessoas buscando prevenir doenças e equilibrar os doshas. Os métodos utilizados dividem-se em:
  • Limpeza e desintoxicação: massagens com óleos medicinais, purgantes, laxativos, eméticos, sangrias e iogurtes;
  • Acalmamento: ervas, jejum, yoga, meditação, canto, exercícios respiratórios, exercício físico e banhos de sol;
  • Rejuvenescimento: ervas, exercícios específicos e yoga;
  • Higiente mental e espiritual: mantras, yantras, tantras, meditação, gemas, metais e cristais.
A medicina ayurvédica atua em muitos problemas do dia-a-dia com eficácia. Trazer os seus conceitos de saúde através da boa alimentação, prática de exercícios e da saúde mental e espiritual já pode ser um grande benefício para quem os persegue. Você já foi a um médico ayurveda? Comente como foi em http://www.impaciente.org/!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Saúde libera R$ 63,3 milhões para 15 estados e o DF

Verbas são destinadas à assistência de média e alta complexidade de unidades federativas.



O Ministério da Saúde (MS) cumpriu com publicação de 17 portarias publicadas no final do ano passado no Diário Oficial da União (DOU). Cerca de R$ 63,3 milhões foram designados para investimento na assistência de Média e Alta complexidade de 15 estados, 39 municípios e o Distrito Federal.  
Os recursos devem ser aplicados na implantação de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), na habilitação de novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), na reestruturação de hospitais de ensino, na estratégia S.O.S Emergências e no custeio de leitos para tratamento com pacientes vítimas de acidente vascular cerebral (AVC).
A maior parte dos recursos - R$ 16,2 milhões - será utilizada na implantação de UPAs. Os CAPS receberão R$ 15,8 milhões para tratamento de pessoas com algum tipo de problema e com necessidades devido ao uso de crack, álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas.
O Rio Grande do Sul e sua capital (Porto Alegre) receberam um incremento em sua receita de R$ 15 milhões para o custeio de leitos para pacientes vítimas de AVC. Já para o Estado de Pernambuco, foram liberados quase R$ 14 milhões para serem aplicados na sua rede de hospitais.
Abaixo a lista dos Estados que receberam o auxílio e a quantia respectiva:

UF
Valor
RS
15.106.437,50
PE
13.868.557,56
MG
7.650.753,13
BA
5.922.255,00
GO
5.472.473,16
SP
4.861.433,52
DF
3.000.000,00
CE
3.000.000,00
PB
1.200.000,00
PR
1.000.962,72
RN
551.485,44
AM
385.560,00
MT
339.660,00
SC
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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Saúde da Mulher



O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente de câncer no mundo e o mais comum entre as mulheres. Somente em 2010, o Brasil registrou mais de 49 mil novos casos e 11,8 mil mortes pela doença de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ele é seguido pelo câncer de colo de útero, o segundo que mais aparece na população feminina, e que constitui a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, faz 4,8 mil vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos.

Os dois tipos de câncer, contudo, têm chances altíssimas de cura caso descobertos em estágios iniciais. Para a mama, a cura fica em torno de 90% se o tumor for diagnosticado precocemente. No caso do colo do útero, chega a 100%. “A cura é tão alta, quanto mais cedo for descoberto e, para isso, a única coisa que as mulheres precisam fazer são os exames de prevenção, que são simples e estão disponíveis na rede pública”, explica Alexandre Pupo, ginecologista com especialidade em câncer de mama e ginecológico do Hospital Sírio-Libanês (São Paulo-SP).

Além da realização de exames preventivos periódicos, é importante, segundo os médicos, estar atenta aos fatores de risco e de proteção. Atitudes simples como manter uma alimentação saudável e peso adequados, por exemplo, ajudam na prevenção do câncer de mama. O consumo de gordura animal faz com que sejam acumuladas substâncias tóxicas ao organismo que não são eliminadas. Elas agem no corpo como o estrogênio, favorecendo o câncer de mama.

A hereditariedade também é um fator que influencia no aparecimento do câncer de mama. Cerca de 10% dos casos da doença são ocasionados por uma mutação genética hereditária. Portanto, mulheres que já tiveram tias, primas, mãe ou outro parente próximo com o tumor, devem começar a fazer exames preventivos mais cedo. “Se uma prima, por exemplo, teve câncer de mama aos 40 anos, a mulher deve começar a fazer mamografia dez anos antes desta idade, aos 30, portanto, neste caso”, diz Pupo, do Sírio-Libanês.

O adiamento da primeira gravidez para depois dos 30 anos também é fator que traz maior risco de câncer de mama, já que o organismo fica sendo mais tempo bombardeado por estrogênio, um hormônio que favorece o câncer de mama. Segundo Alfredo Barros, mastologista do Hospital Sírio-Libanês, essa mudança no hábito das mulheres fez a incidência do tumor aumentar muito no século XX. Já a ausência de gestações faz com que a mulher deixe de receber alguns hormônios protetores produzidos pela placenta. A amamentação por períodos menores, outro hábito que tem se tornado regra, segundo o médico, também traz maior risco de câncer de mama.

Quanto à pílula anticoncepcional, de acordo com o INCA, ainda não há comprovação de que seja um favorecedor do aparecimento desse tipo de tumor.  Já a ingestão de álcool, mesmo em quantidade moderada, também é contra-indicada.

No caso do colo de útero, o principal fator de risco é o HPV, ou papilomavírus, sexualmente transmissível. Quase 100% dos tumores de colo de útero tem origem do HPV. Contudo, é importante ressaltar que apenas cerca de 2% das mulheres que foram infectadas por HPV costumam apresentar o tumor. “Muitas das lesões que surgem pelo HPV acabam regredindo espontaneamente e só precisam de uma observação clínica”, diz Glauco Baiocchi Neto, diretor de Ginecologia do Hospital A. C. Carmargo (São Paulo-SP). A prevenção do HPV é feita por meio de uso de preservativo. Também há no mercado brasileiro vacinas para duas variedades do vírus.

Outros fatores que podem facilitar o aparecimento do câncer de colo de útero são o tabagismo e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.

“De forma geral, manter uma boa qualidade de vida e fazer os exames periódicos já é bastante importante para se proteger dessas duas doenças”, diz Pupos, do Sírio-Libanês.



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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Solidariedade Internacional

Argentina e Uruguai fizeram doações de pele e de membrana amniótica (tecido) ao Brasil. O material vai ser usado na recuperação de vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), que sofreram queimaduras.


Argentina e Uruguai doam pele para vítimas internadas após incêndio Marcelo Oliveira/Agencia RBSUma força-tarefa organizada de forma emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, na segunda-feira, dia 28 de Janeiro, as doações em pele humana e de membrana amniótica feitas pelos governos da Argentina e do Uruguai para socorrer as vítimas do incêndio na boate Kiss em Santa Maria (RS), ocorrido no domingo, dia 27. A pele e a membrana são empregadas para recuperar partes do corpo atingidas pelas chamas. A doação encaminhada de Buenos Aires e de Montevidéu já foi liberada pela agência para seguir aos hospitais onde estão internados os sobreviventes.

Em entrevista coletiva o ministro da saúde Alexandre Padilha afirmou que há 65 vítimas do incêndio internadas em hospitais de Santa Maria, das quais 27 em estado grave, e outros 53 pacientes atendidos na rede hospitalar de Porto Alegre. O número oficial de mortes divulgado é de 235 pessoas.

Os estoques do banco de pele da Santa Casa da Misericórdia de Porto Alegre foram insuficientes para atender os 118 pacientes encaminhados aos hospitais da cidade e atendidos em Santa Maria. A instituição recebeu, além das remessas dos governos da Argentina e do Uruguai, doação de pele e membrana do Hospital das Clínicas da USP e do Imip.

Felizmente, existe solidariedade após uma tragédia tão significativa como esta. Por outro lado, historicamente vemos que o país não aprende com seus erros e os fatos, por mais desastrosos que sejam, acabam sendo esquecidos quando outras notícias ganham foco na mídia.

Temos visto nos noticiários uma onda de fiscalização em casas de festa, boates, teatros, etc. Mas, até quando isso irá durar? Será que passado alguns meses desse episódio a fiscalização irá afrouxar novamente e outras boates continuarão a funcionar sem todas as precauções necessárias, como saídas de emergência bem sinalizadas?

Espera-se que o momento de comoção que toma conta do o país sirva para mudarmos efetivamente a nossa conduta e para que possamos abandonar um pouco a nossa passividade em relação ao que acontece a nossa volta.

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Tabagismo: aumento do índice de mortes entre mulheres


O tabagismo está comprovadamente associado com uma série de patologias do aparelho respiratório, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e o câncer de pulmão. Entretanto qual índice de mortalidade você acha que é maior, entre mulheres ou homens?

Pesquisas  científicas costumam apontar a saúde do homem como mais precária que a da mulher, um exemplo muito simples disso seria a menor expectativa de vida deles em relação a delas. O motivo pode estar associado a uma série de fatores, como o simples fato deles procurarem menos o sistema de saúde ao longo da vida. Pela lógica portanto, o índice de mortalidade entre homens fumantes deve ser maior do que entre mulheres, certo? Errado.

Um estudo feito na Inglaterra recentemente aponta que hoje não há mais essa distinção entre os gêneros. O número de morte femininas associadas ao tabagismo alcançou o masculino. Nas décadas de 50 e 60 uma mulher fumante tinha três vezes mais chance de morrer de câncer de pulmão do que a não fumante, atualmente essa chance é 25 vezes maior.

Algumas razões para isso seriam as mudanças de hábito de vida, aumento do número de cigarros tragados, além do início mais cedo da dependência. É verdade que as mulheres tragam cigarros de marcas menos nocivas e com menos nicotina, os ditos cigarros light ou suaves. Contudo o consumo destes não apenas falhou em diminuir os riscos à saúde da mulher, como elevou o número de mortes pela DPOC. A explicação para isso é que as células do parênquima pulmonar absorvem mais a fumaça do cigarro tentando manter a absorção frequente de nicotina.

Por outro lado, para aquelas que abandonam o vício os riscos de morte diminuem com o passar dos anos. Depois de 30 anos de abstinência espera-se que os riscos tenham sido eliminados. Após 40, calcula-se que a mulher tenha perdido apenas 1 anos de sua expectativa de vida.

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