segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Saúde do trabalhador: lesões por esforços repetitivos


No Brasil, as lesões por esforços repetitivos e distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho (LER/Dort) são uma epidemia. LER designa os distúrbios musculoesqueléticos ocupacionais de origem multifatorial complexa. Ocupam o primeiro lugar nas estatísticas de doenças profissionais nos países industrializados. Resulta de um desequilíbrio entre as exigências das tarefas realizadas no trabalho e as capacidades funcionais individuais para responder a essas exigências. Os desequilíbrios  são modulados pelas características da organização do trabalho, a qual constitui alvo das medidas de transformação das condições geradoras do adoecimento.

Os sinais e sintomas podem estar presentes em outros eventos clínicos e sem relação com o trabalho. Os sinais clínicos não são específicos. Em geral, a dor é associada de maneira mais ou menos pronunciada a um desconforto no curso da atividade profissional, com piora ao final da jornada e nos picos de produção e melhora nos períodos de repouso ou férias.

Os principais fatores de risco físicos e biomecânicos são conhecidos: força e esforços físicos realizados, repetitividade dos gestos e dos movimentos, posições extremas e vibrações originadas de máquinas É obrigatório notificar os casos como acidente de trabalho ao Ministério da Saúde. Recomenda-se intervir logo no início contra o avanço da lesão.

Primeiro, deve-se analisar as situações de trabalho e identificar os fatores de risco. Com os dados de saúde do trabalhador, faz-se um estudo ergonômico multidisciplinar, com a participação dos chefes de produção, membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), gestores de recursos humanos, responsáveis pela manutenção, médicos do trabalho, engenheiros e outros. Aspectos biomecânicos, cognitivos, sensoriais, afetivos e de organização do trabalho devem ser analisados de forma integrada.

Eles devem analisar o posto de trabalho (assento, mesa, luminosidade), as ferramentas (a qualidade da tela do computador, o comprimento do fio do mouse) e fatores agressores como exposição a vibrações, temperatura, ruídos, pressão mecânica localizada, tensão, cargas etc.

Há que checar também os processos de trabalho. Tanto atividades monótonas quanto as de muita exigência cognitiva, que causem tensão muscular e estresse, podem ser prejudiciais. E deve-se levar em conta ainda a percepção subjetiva do trabalhador. Ele está preocupado demais com seu futuro na empresa ou na carreira? O trabalho atual atende a suas expectativas? 

Eliminar as lesões não é, portanto, apenas modificar o mobiliário, mas também fazer ginástica laboral e fisioterapia. A fisioterapia alivia a dor, relaxa a musculatura tensionada e orienta a postura em atividades ocupacionais e de lazer. 

Para a fisioterapeuta Raquel Casarotto, professora do Departamento de Fisoterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo (USP), é fundamental agir também nas causas, com base nos limites físicos e psicossociais do trabalhador. 

Segundo o ortopedista Osvandré Lech, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, o tratamento deve sempre focar a principal queixa e/ou sintoma. Ele inclui reestruturar o ritmo de trabalho, melhorias ergonômicas, suporte emocional, condicionamento físico adequado e permanente. A constituição de uma equipe multiprofissional é crucial para abordar os casos. Ademais, espera-se dos serviços uma agenda de formação e estudo que perpassa diferentes conteúdos e disciplinas.


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