sexta-feira, 1 de março de 2013

Você conhece o Lupus Eritematoso Sistêmico?

Olá, caros leitores!
Como muitos podem perceber, a nossa equipe do Blog do (im)Paciente tem a preocupação em esclarecer sobre diversos assuntos envolvendo a saúde que circulam na internet em notícias ou sites informativos. Nosso assunto de hoje é uma doença chamada Lupus Eritematoso. Você conhece? Conhece algum paciente com essa doença? Vamos descobrir mais sobre ela? Então comecemos!

O que é o Lupus Eritematoso?

O Lupus Eritematoso é uma das doenças no rol daquelas chamadas autoimunes. Nosso corpo tem inúmeras células de defesa (anticorpos) que ajudam no combate à doenças causadas por bactérias, vírus, fungos, etc. Elas ajudam também no combate a células do próprio corpo que tenham algum defeito e que possam vir a causar doença (como células que podem causar câncer). Algumas vezes, essas células do sistema imunológico começam a atacar células sadias do próprio corpo. Você já reparou como um machucado fica vermelho, quente e inchado quando ta infectado? Ou quando a garganta fica vermelha, doendo e temos febre? Dizemos que estão ocorrendo sinais de inflamação (rubor, calor e edema) e essa é uma resposta natural das células de defesa e servem para tentar ajudar a combater a infecção.

Agora, imagina quando essas células de defesa atacam as células do próprio corpo! Elas causam um quadro parecido!
No caso do Lupus, os anticorpos podem atacar células de todo o corpo, como células da pele, articulações,  membranas (como pleura, que fica em torno do pulmão), rins e até mesmo sangue (causando um tipo de anemia).

Nessa hora, o leitor pode virar e falar: "Ok. Já entendi o que é o Lupus Eritematoso, caro blogueiro. Mas como essa doença se mostra? O que eu sinto? E como descubro que tenho essa doença?"

Ora, vamos seguir adiante então!
Em cerca de 80% dos casos podemos ver sintomas na pele, como áreas avermelhadas, especialmente na região malar (maçã do rosto) e nariz, fazendo uma aparência que se assemelha a uma asa de borboleta! Outras áreas também podem apresentar vermelhidão, como colo, braços e mãos, geralmente relacionada com a exposição solar.

Um outro sintoma pode ser dor nas articulações de mãos, punhos e joelhos, dos dois lados (simétrica) e durando alguns dias (migratória), geralmente, 1 a 3 dias. Além disso, pode aparecer dor muscular.
Um caso especial e potencialmente grave é a nefrite lúpica. Ela é a apresentação do Lupus Eritematoso Sistêmico nos rins e pode se apresentar com proteína aumentada na urina e acometimento renal por causa da deposição de imunocomplexos no glomérulo renal (não se desespere, caro leitor, são apenas alguns termos que querem dizer que o rim foi atacado!).

O Lupus Eritematoso Sistêmico ainda pode se apresentar com uma forma psiquiátrica, neurológica e hematológica (no sangue).Vamos relatar rapidamente como elas se manifestam em cada uma e depois prosseguiremos.

Nas alterações neuro-psiquiatricas, podemos encontrar: convulsões, alterações de humor ou comportamento (psicoses), depressão e alterações dos nervos periféricos e da medula espinhal.
Nas alterações no sangue, podemos encontrar um paciente com anemia, plaquetas baixas e leucócitos (glóbulos "brancos") baixos.
Não poderiamos contemplar todos os sintomas, dado que seria um texto ainda maior e cada vez mais chato e complexo.
O diagnóstico de Lupus Eritematoso Sistêmico até o ano de 2012 levava em consideração 11 critérios atualmente. Diante da suspeita, o médico precisa de 4 critérios positivos. Em 2012, uma reunião dos especialistas sinalizou para a mudança para 17 critérios, mantendo que sejam necessários pelo menos 4 deles, porém, pelo menos um deles precisa ser um critério clínico e um outro precisa ser um critério imunológico, ou ainda, biópsia de rim positiva para nefrite lúpica.

Nesse momento, o leitor olha para o texto, pensa um pouco e vira pro blogueiro perguntando: "Muito bom! Já entendi o que é Lupus Eritematoso Sistemico, já sei as principais forma de aparecimento e já sei o que o médico precisa pra chegar ao diagnóstico, mas, e quanto ao tratamento e expectativas em relação a doença?"

O tratamento da pessoa com Lupus Eritematoso Sistêmico depende de qual foi a manifestação apresentada e deve ser individualizado. Logo, o paciente com a doença pode precisar de nenhum, um, dois ou mais medicamentos dependendo da fase da doença (ativa, não ativa ou em remissão). O tratamento sempre inclui remédios para regular as alterações imunológicas do Lupus Eritematoso Sistêmico e remédios para as alterações que a pessoa apresente ou possa vir a apresentar como consequência da inflamação causada pelo Lupus Eritematoso Sistêmico, como a febre, dor, inchaço das pernas, hipertensão, etc.

Existem remédios que agem no sistema imunológico modulando seu funcionamento na doença. Eles podem ser os corticóides, os antimaláricos e os imunossupressores, em especial a azatioprina, ciclofosfamida e micofenolato de mofetil. Além disso, é muito importante o uso dos protetores solares que devem ser aplicados em todas as áreas expostas diariamente. Ao longo do dia, devem ser feitas diversas reaplicações dos protetores para assegurar o seu efeito. Em casos com sintomas mais leves, podemos usar os analgésicos, anti-inflamatórios e/ou corticoides em doses baixas. Em casos mais graves do LES, as doses dos corticóides podem ser bem mais elevadas.

Como dissemos, quando a doença se manifesta nos rins, no sistema nervoso, pulmões ou vasos sanguíneos é necessário o uso de imunossupressores em doses de acordo com a variedade e gravidade do acometimento.

Outro cuidado importante nesses pacientes em tratamento com drogas que modificam o funcionamento do sistema imunológico é com as infecções, especialmente  a tuberculose, shigellose, outras doenças bacterias e fúngicas que se aproveitam da debilidade do sistema imune. Em pacientes que evoluem de forma grave e com rápida evolução, podemos glicocorticóide em altas doses (pulsoterapia).
A cloroquina (ou hidroxicloroquina) está indicada para as formas mais leves da mesma forma que nas mais graves e deve ser mantida mesmo que a doença esteja sob controle (remissão), pois, auxiliam na manutenção do controle do Lupus Eritematoso Sistêmico.

Espero que tenham gostado do nosso texto.
Mande suas dúvidas e temas para a nossa equipe. Ficaremos felizes com o contato!

Para a confecção desse artigo, foram utilizadas as seguintes fontes:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22553077?dopt=Abstract
http://www.spreumatologia.pt/diseases/disease/lupus-eritematoso-sistemico/quais-sao-os-sintomas-mais-comuns
http://www.reumatologia.com.br/PDFs/LES_Cartilha_PDF_COMPLETO_2011.pdf


Informações coletadas do site UpToDate (http://www.uptodate.com/home)

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